domingo, 27 de dezembro de 2015

UM PEQUENO ESTUDO SOBRE VIDA EM COMUM

“Vida em comunidade” é uma expressão que para muitos (inclusive foi para mim durante muitos anos) representa um grupo de pessoas que vendem tudo o que tem, começam a viver juntos, compartilhando todas as coisas, inclusive a sua individualidade. Seria uma espécie de local glorificado onde ninguém é dono de nada e sendo assim, não tem direito a nada. Onde um individuo vira uma comunidade e infelizmente passa a ser uma comunidade sem indivíduos.
Depois de muito tempo entendi que isto não é propriamente o que a Palavra de Deus sugere. Todavia, com certeza a vida em comunhão entre os irmãos da Igreja Primitiva foi a primeira expressão da vida de Deus e de Sua Igreja aqui na terra.
Como então entender a forma correta de viver este tipo de vida em comum? Tomando por base o texto abaixo (o mesmo texto pelo qual são criadas “as comunidades”).
“E perseveravam… na comunhão. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes… partiam pão de casa em casa, e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração… Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.” (Atos 2:42,44-47)
Quando olhamos para os relatos bíblicos não vemos nenhuma menção de grandes campanhas evangelísticas, vemos apenas a Igreja vivendo na prática uma vida comum, como um corpo. Foi exatamente isso que o Senhor Jesus havia previsto em João 17:21: “Para que todos sejam um, Pai, como Tu estás em mim e Eu em Ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que Tu me enviaste.”
O mundo reconhecia a realidade da vida que unia aqueles irmãos, não apenas na teoria mas na vida prática, sendo assim, muitos iam sendo acrescentados no “novo estilo de vida”. Pois, o maior testemunho da Igreja não esta naquilo que ela prega e sim naquilo que ela vive.
As pessoas em geral não se impressionariam com os nossos cultos evangelísticos, com grande milagres de cura, todavia ficariam impactadas em ver o grande milagre que é irmãos tão diferentes vivendo juntos na vida comum. As pessoas quando deparavam com os primeiros cristãos encontravam naquele tipo de vida a própria vida de Jesus.
A pregação geralmente começava através de um encontro casual na rua. Não era necessário fazer nenhum tipo de campanha, nenhum tipo de fórmula mágica, cursos ou outra estratégia para alcançar aos perdidos, pois as obras daqueles irmãos era uma declaração que Deus estava com eles, e foi o testemunho dessa verdade que espalhou o evangelho rapidamente.
Eles tinham a Cruz de Cristo como fundamento e base da sua fé, sabiam que a cruz que lhes foi proposta para o seu dia a dia, abrindo mão de seus interesses, submetendo-se totalmente a vontade deles ao Senhorio do Senhor, era a única forma de manter na prática este tipo de vida. A Cruz de Cristo abre o caminho para nossa comunhão com o Pai e com os nossos irmãos.
Como essa vida em comunidade se expressava na prática diária daquele povo estranho:
1 – PARTIAM O PÃO DE CASA EM CASA
Isso não significava um pedaço de pão passando de mão em mão sem nenhuma revelação do corpo num domingo qualquer. Era uma refeição de um grupo de pessoas com um senso em comum: Jesus Cristo como centro de tudo.
Uma coisa importante a ser observada era que cada um possuía sua própria casa; mantinham sua identidade e a intimidade com sua família. É justamente neste ponto que muitos erram e muitas experiências de vida em comunidade se tornam um fracasso com marcas e feridas.
Vida em comunidade não é necessariamente um “amontoado” de pessoas vivendo na mesma casa ou no mesmo “terreno”. Mas é um estado de comunhão e dependência contínua que não depende do lugar onde vivemos. A verdadeira comunidade de Cristo não destrói a família, pelo contrário, a verdadeira comunidade protege a família.


2 – E VENDIAM SUAS PROPRIEDADES E BENS E OS REPARTIAM POR TODOS, SEGUNDO A NECESSIDADE DE CADA UM.
A venda de todos os bens não era uma coisa obrigatória, pois vemos em Atos 2:46, que as pessoas continuavam morando em suas próprias casas. Em Atos 5:4, quando Ananias e Safira vieram depositar o dinheiro aos pés dos apóstolos, Pedro disse: “Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder?” Os proprietários de casas e terrenos (plural) vendiam aquilo que não lhes era necessário para repartir com irmãos necessitados.
Você compreende agora por que a Igreja caiu na graça de todo o povo? Viam na prática o amor que eles confessavam com a boca.
3 – E TINHAM TUDO EM COMUM
“Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Com grande poder os apóstolos davam o testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.” (Atos 4:32-33)
Isto é o Reino de Deus; é a vontade de Deus sendo feita na terra como é feita no céu.
As propriedades particulares não eram substituídas por um bolo comum. Antes, cada um procedia como fiel mordomo daquilo que possuía, depois de vender o excedente, fazia como o Mestre, usava o que sobrava para o bem de todos.
O primeiro sinal de uma Nova Criatura é o amor que se manifesta através da vida em comum.
4 – TODOS OS QUE CRERAM ESTAVAM JUNTOS
Eles não tentavam produzir amor e unanimidade; pelo batismo do Espírito Santo já os possuíam. Bastava-os manifestar externamente o que já tinham interiormente.
A Igreja Primitiva se destacava pela maneira de viver, pois este estilo de vida era completamente diferente dos demais habitantes de Jerusalém. Este é o verdadeiro funcionamento do corpo, em que há uma expressão de vida em comum todos os dias, e não apenas aos domingos ou em ocasiões especiais.
“Muitos sinais e maravilhas eram realizadas entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E todos os que creram costumavam reunir-se, em comunhão, junto ao Pórtico de Salomão.” (Atos 5:12)
Esses irmãos se encontravam no final de seus afazeres diários neste local e ali compartilhavam, conversavam, e simplesmente passavam tempo juntos. O resto da cidade de Jerusalém observava a Igreja vivendo publicamente, amando publicamente, e ministrando publicamente; havia sentimentos diferentes entre esses observadores; ou não ousavam ajuntar-se a eles pelo poder que havia no seu meio, ou então procuravam saber como poderiam fazer parte daquela comunidade estranha.
“Vocês são uma colônia do céu”, disse o apóstolo Paulo em Filipenses 3:20 (no Grego), usando a tipologia de uma conquista romana. Quando Roma conquistava uma província, ela estabelecia uma colônia neste território estranho, que era governada por Roma, que vivia como Roma e que se tornava uma Roma em miniatura. Era o penhor da possessão e ocupação completa pelo reino romano.
Jesus também já venceu! Satanás esta derrotado e Jesus foi coroado. Dele é o reino, o poder e a glória, e ele também já estabeleceu sua colônia, sua própria igreja, no território conquistado. Esse povo que vive como se vive no céu, são governados pelo céu, e na realidade são a própria demostração e penhor do Reino dos Céus na terra. Deles é o encargo de possuir tudo aquilo que seu Rei e Senhor comprou com alto preço.
Queridos (as), a vida em comunidade não é uma novidade, nem a última moda lançada por algum estilista gospel. É o corpo de Cristo funcionando de acordo com a Palavra de Deus.
Oswaldo Pinho



sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

DEUS VAI ABALAR AQUILO QUE É ABALÁVEL

“Cuidado! Não rejeiteis Aquele que fala. Pois, se não escaparam os que rejeitaram quem os advertia sobre a terra, muito menos nós, se desprezarmos Aquele que nos admoesta do céu. Aquele, cuja voz outrora abalou a terra, agora promete: “Ainda uma vez abalarei não somente a terra, mas de igual modo todo o céu”. Ora, esta frase: “Ainda uma vez” indica a remoção de coisas que podem ser abaladas, isto é, as coisas criadas, para que permaneça o que não pode ser abalado.” (Hebreus 12:25-27)
Alguns de nós têm um desejo profundo e sincero que haja uma visitação poderosa de Deus em nossas vidas, família, trabalho e principalmente na Igreja como um todo. Todavia creio que na verdade ainda não pesamos as consequências desta visitação. Se Deus realmente estiver no nosso meio, Ele vai abalar tanto a situação atual da nossa vida que a nossa segurança e comodismo serão totalmente destruídos.
Na verdade poderemos ficar abalados com aquilo que Deus vai falar e destruir quando nos visitar. Por outro lado, podemos ficar abalados mais ainda com aquilo que teremos para falar com Ele.
De alguma forma nesta visita descobriremos que Ele deseja nos revelar em primeiro lugar a Si próprio. E depois disto, os Seus planos, a Sua Palavra, os Seus caminhos, os Seus pensamentos, os Seus desejos, os Seus propósitos, o Seu amor, a Sua ira, e também as Suas provisões.
Muitos precisam ser abalados em sua estrutura (criada por nós ou pela nossa religião) e assim descobrir qual é a verdadeira base sob a qual construímos toda estrutura cristã (ou o nome que você queira dar) de nossa vida.
Na verdade vivemos tentando chegar até Deus através de nossas torres de Babel, ou através de alguma imitação humana da escada de Jacó, e assim ficamos como quem anda em uma esteira de ginástica; andamos, nos cansamos, mas não chegamos à lugar nenhum.
Precisamos permitir que Deus não só nos visite (em alguns cultos de fogo ou momentos especiais), mas que Ele habite em nós, que Ele se revele a cada dia mais e mais através dos detalhes e circunstâncias diárias de nossa vida.
Sei que com certeza isso trará morte para nossa carne, nossa vontade, nossos planos, enfim para todo nosso projeto já pré estabelecido. Mas quero lembra-lo que já estamos crucificados, e também ressuscitado com Cristo, e sentado com Ele nas regiões celestiais. Então, vamos nos dispor a ir até a morte, se é isto que a presença de Deus no nosso meio trará.
Deixe Deus abalar aquilo que Ele tem mostrado que ainda precisa ser abalado. Deixe as suas rebeliões e temores de lado, e diga por fé: “Ainda que esse abalo me leva a morte (do meu Eu), quero ter um relacionamento real, íntimo, e, viver na presença do Meu Senhor!
Oswaldo Pinho


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

DANDO UM TEMPO NA CORRERIA

Baseado em algo que li nestes dias, quero transcrever aqui algumas coisas que creio, são preciosas para nossas vidas.
“De madrugada, em meio a escuridão, Jesus levantou-se, saiu de casa e retirou-se para um lugar deserto, onde ficou orando.” (Marcos 1:35)
A cada dia que passa nos parece que o tempo esta passando mais rápido, somos obrigados, e, também, nos sentimos obrigados, a executar várias tarefas e nos envolvermos com muitas coisas ao mesmo tempo.
Sendo assim, não temos tempo para nos relacionarmos de forma pessoal, pois diante da correria da vida, o mundo nos coloca algumas “soluções práticas” (telefone, mensagens eletrónicas, redes sociais, etc.)
Em nosso esforço por realizar mais coisas, acabamos sem perceber “correndo atrás do vento” e no final do dia nos frustramos ao perceber que não conseguimos dar cabo de todas as coisas.
Olhando para o texto acima, vemos que Jesus, apesar de ser um homem ocupado e com um tempo limitado para cumprir o propósito da sua vinda aqui na terra, sempre dava um jeito de “escapar”, “dar um tempo” naquilo que parecia necessário para se concentrar naquilo que era realmente necessário, ou seja, se concentrar em Deus e tirar proveito da quietude, paz e direção que isso proporcionava.
A nossa recusa em nos desligarmos de tudo e rompermos com a correria frenética da vida nos tem impedido de termos uma maior intimidade com o Senhor, e, assim, deixamos de ter momentos preciosos a sós com Ele.
Só experimentaremos uma intimidade e um relacionamento profundo com o Espírito de Deus, quando de alguma forma priorizarmos aquilo que realmente precisa ser prioridade em nossas vidas.
Muitos estão de forma errada buscando: paz, tranquilidade, segurança, etc. em coisas externas, todavia todas estas coisas estão num só lugar; em Cristo, e Ele as colocou dentro de nós através do Seu Espírito. Portanto, o lugar para encontrarmos todas as coisas que precisamos estão dentro de nós.
“O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conhecereis, porque Ele vive convosco e estará dentro de vós.” (João 14:17)
Aqui vemos que o Espírito de Deus nos escolheu para sermos Sua Habitação. E, por causa dessa realidade, o estresse, o cansaço, a impaciência e principalmente, a falta de tempo não podem determinar como será nosso dia.
Enquanto vivermos nossa vida, precisamos acreditar por fé, que recebemos por promessa, o Espírito Santo habitando em nós. Sendo assim, onde estivermos, o que estivermos fazendo ou passando; Ele estará conosco; Ele será aquele que nos capacitará a fazer, ser, e, passar por todas as coisas.
Creia, o Espírito Santo não é uma força distante, Ele faz morada em nós, em nosso espírito regenerado, e assim, é Ele que nos dá total segurança para enfrentarmos essa “Loucura” que se chama vida.

Oswaldo Pinho